sexta-feira, 29 de dezembro de 2006

Bom Ano 2007

Pessoal um BOM ANO!!


(Death Cab for Cutie, 'The New Year')


so this is the new year.
and i don't feel any different.
the clanking of crystal
explosions off in the distance (in the distance).

so this is the new year
and I have no resolutions
for self assigned penance
for problems with easy solutions

so everybody put your best suit or dress on
let's make believe that we are wealthy for just this once
lighting firecrackers off on the front lawn
as thirty dialogues bleed into one

i wish the world was flat like the old days
then i could travel just by folding a map
no more airplanes, or speedtrains, or freeways
there'd be no distance that can hold us back.

there'd be no distance that could hold us back (x2)

so this is the new year (x4)

terça-feira, 19 de dezembro de 2006

Boas Festas!!!

(Jane Monheit, 'Have Yourself a Merry Little Christmas)

Aproximamo-nos a passos largos da quadra natalícia e, por isso mesmo, não posso deixar de desejar-vos um Feliz e Santo Natal repleto de saúde, paz e amor na companhia daqueles que mais amam.

Muito mais do que prendinhas e consumismo desenfreado é uma excelente oportunidade para santificarmos os nossos espíritos na paz e união com aqueles que nos rodeiam, ainda que seja por um dia [sim, porque também num dia se mudam vidas!!]…

Aproveito também a oportunidade para desejar-vos um óptimo Ano Novo cheio de prosperidade e sonhos cumpridos… Que as vossas resoluções, para quem as pretende tomar, sejam promissoras e abençoadas neste 2007 que se aproxima.

Votos sinceros de Felicidades.

Míriam

quarta-feira, 6 de dezembro de 2006

micronomic


(Lali Puna, 'Micronomic')

Gosto disto.

(...)
Where do you want to go?
Where do you want to go now?
Where do you want to go today?
(...)

segunda-feira, 4 de dezembro de 2006

at least that's what you said


(Wilco, 'at least that's what you said')

Depois de um dia de trabalho, nada melhor que relaxar. Hoje escolhi Wilco...

domingo, 3 de dezembro de 2006

dying slowly


(Tindersticks, 'Dying Slowly')
(...)
So this dying slowly
It seemed better
than shooting myself
This dying slowly
It seemed better
than shooting myself
(...)

segunda-feira, 27 de novembro de 2006

estrela, estrela...



Maria Rita

Estrela, Estrela

Estrela, estrela
Como ser assim?
Tão só, tão só
E nunca sofrer.

Brilhar, brilhar
Quase sem querer
Deixar, deixar
Ser o que se vê

No corpo nu da constelação
Estás, estás sobre uma das mãos

E vais e vens como um lampião
Ao vento frio de um lugar qualquer

É bom saber que és parte de mim
Assim como és parte das manhãs
Melhor, melhor é poder gozar
Da paz, da paz que trazes aqui

Eu canto, eu canto
Por poder te ver
No céu, no céu
Como um balão
Eu canto e sei que também me vês
Aqui, aqui, com essa canção

domingo, 26 de novembro de 2006

liberdade



(Dead Can Dance, Devorzhum)

Esta noite saí rumo ao hoje e tornei-me no agora que tanto preservo... a liberdade. Talvez faça parte do meu 'lirismo existencial' mas não prescindo da fusão total do meu eu com a natureza, do silêncio das palavras (que mais não são que redutoras formas de expressão de ideias, emoções e sentimentos) e da paz.
A praia estava encantadora, a maré vazia, a rebentação das ondas magnânima. Senti em mim a conciliação do sossego, do abandono perfeito ao momento... E sorri, sorri que nem uma criança, à medida que de braços abertos girava em torno de mim mesma num passo descompassado, até tropeçar (risos).
Nos últimos meses aprendi que viver é uma arte que, tal como qualquer outra, necessita de aprendizagem, perseverança e dedicação. A nossa paz depende disso mesmo, da qualidade dos momentos, dos sorrisos e alegrias partilhadas, do viver o hoje relegando o outrora a recordação.
E penso: 'sejamos pois o hoje em paz, não há fórmulas para a felicidade, mas há paixão, a paixão pela vida, pelo outro, pela dignidade com que devemos ser tratados sem menosprezarmos o nosso valor nem o de outrém, chegar quando é preciso e partir quando é o momento...'
Liberdade é tudo isto, liberdade é perdoar, liberdade é sorrir, liberdade é união, liberdade é amar... incondicionalmente...
Sejamos em paz. Shalom!

'aos meus amigos, que nos bons e maus momentos
sempre me acompanham
independentemente da distância e dos momentos.
a todos vocês, obrigado por fazerem parte
da minha vida e tornarem a minha existência
um sorriso acarinhado.
amo-vos.'
Míriam

depois da tempestade, a bonanza...





Depois da tempestade que tem assolado o nosso país, colocando-o em 'alerta amarelo', este fim-de-semana presenteou-nos com alguma calmaria. A tarde de sábado foi particulamente serena e por isso aproveitei para ir até S. Pedro de Moel. O mar imenso e revolto chegava praticamente ao café da praia num maravilhoso e imperdível espectáculo da natureza.
Há medida em que passeava pela praia aproveitei para tirar algumas fotos. Há muito que não via nada de tão belo e envolvente. Deixo-vos aqui um pouco desta maravilha, espero que gostem.
Beijos.

quarta-feira, 22 de novembro de 2006

it's Ok to think about ending...

(Foto de Mark Arbeit, Lilly Black, 1997)

Hoje parece fazer todo o sentido...

It's ok to think about ending
And it's ok to not even start
Put it away and wait till tomorrow
Put it away and take care of your heart
of your heart

And it's ok to stay here forever
And it's ok to read in the dark
Put it away and wait till tomorrow
Put it away and take care of your heart
of your heart

Just for awhile
I'll sing and smile
Just for awhile
I'll sing and smile

(Earlimart, 'It's ok to think about ending')

segunda-feira, 20 de novembro de 2006



(Marlango, Madness)

Linda!!

Madness is my name
Madness is the game

I will play with you.

Madness is the kiss I'll give to you

Wrapped in silver night

And you will never be the same

(...)

domingo, 19 de novembro de 2006

glosoli



(Sigur Rós, Glosoli)

Este é, sem margem de dúvidas, um dos meus videoclips favoritos de sempre. Sweet, gentle and kind... eles são assim... em mim.

queremos paz



(Gotan Project, Queremos Paz)

Queremos paz
Queremos construir una vida mejor para nuestro pueblo
Independiente...
Queremos paz...
Queremos construir una vida mejor para nuestro pueblo...
Independiente...

quinta-feira, 16 de novembro de 2006

god rid us of our conscience


(Dead Can Dance, The Host of Seraphim)

O maravilhoso som de Dead Can Dance... e a consciência...
...sem palavras...

segunda-feira, 13 de novembro de 2006

para recordar:

Hoje acordei com saudades disto... tão lindos!!



(The Smashing Pumpkins, Disarm)

E disto...



(The Smashing Pumpkins, To Forgive)

domingo, 12 de novembro de 2006

we came along this road



Porque Nick Cave é simplesmente brilhante, deixo-vos isto... algo que amo muito. E sim, insisto em colocar a letra da música...

(Nick Cave & The Bad Seeds, We Came Along this Road)

I left by the back door
With my wife's lover's smoking gun
I don't know what I was hoping for
I hit the road at a run
I was your lover
I was your man
There never was no other
I was your friend
Till we came along this road
Till we came along this road
Till we came along this road
I ain't sent you no letters, Ma
But I'm looking quite a trip
The world spinning beneath me, Ma
Guns blazing at my hip
You were my lover
You were my friend
There never was no other
On whom I could depend
Then we came along this road
We came along this road
We came along this road



sábado, 11 de novembro de 2006

sou feliz, estou feliz....



Há males que afinal mais não são que bençãos... Sou uma felizarda!!LOL!!
(Arcade Fire, Rebellion (Lies))

nutshell, no doubt...



(Alice in Chains, MTV Unplugged, Nutshell)


sexta-feira, 10 de novembro de 2006

morphine


(Morphine, Cure for Pain)


Nem sempre tenho palavras para deixar no meu espaço, mas há algo que me acompanha todos os dias e sem o qual viveria, a música... ela fala por mim, definindo-me cada dia...
Hoje sinto em cada poro a genialidade apaixonante de Morphine - Mark Sandman e Dana Colley perfeitos. Quanto ao demais, palavras para quê?!...

quinta-feira, 9 de novembro de 2006

memória

(Farol, S. Pedro de Moel)

«Sem memória esvai-se o presente que simultaneamente já é passado morto. Perde-se a vida interior. E a interior, bem entendido, porque sem referências do passado morrem os afectos e os laços sentimentais. E a noção do tempo que relaciona as imagens do passado e que lhes dá a luz e o tom que as datam e as tornam significantes, também isso. Verdade, também isso se perde porque a memória, aprendi por mim, é indispensável para que o tempo não só possa ser medido como sentido. »

(José Cardoso Pires, De Profundis, Valsa Lenta, p. 25)

hotellounge


Por aqui ouve-se...
(dEUS, Worst Case Scenario, Hotellounge)

quarta-feira, 8 de novembro de 2006



Somebody
(Depeche Mode, Live)

Lindo, não tenho palavras. Depeche Mode, forever...

terça-feira, 7 de novembro de 2006

roads



(Portishead, Live NY, Roads)

(...)
"Ohh, can't anybody see
We've got a war to fight
Never found our way
Regardless of what they say"
(...)


Disaffected
(Words – GA Johnson, Piano Magic, Disaffected)

«Anything can happen in life - especially nothing, mainly nothing. Once you know that, you’re fine. Once you know that, you can retire. Set your clock by your heart. Work’s over-rated and it will kill you. Finish nothing you start and start nothing you think you’ll continue. I’m disaffected now. I’m disaffected now. And to this model I’ve kept. I surface at 3 in the clothes that I slept in. And though I’m drowning in debt, I’m richer through all the things I’m rejecting. And in a rare, certain light, I have a strange charm, I think you’d like me. And the rain brings me out. The rain makes me happy. I’m disaffected now. I’m disaffected now. Set your clock by your heart. Work’s over-rated and it will kill you.»

segunda-feira, 6 de novembro de 2006

how you're plannin' to go about makin' your amends???



A Perfect Circle, 13Th Steph, 'The Noose'

Um dia acordas de manhã e percebes que estás farto(a)!! Hipocrisia, cinismo... gentinha caracteristica para quem só tens valor enquanto lhes podes oferecer alguma coisa. Ter em detrimento de Ser!!
É para essas pessoas a quem dedico esta bela música - uma das minhas preferidas. A sua letra é genial... e sinceramente é tudo o que tenho para te e vos dizer.


A Perfect Circle, 13Th Steph, 'The Noose'

So glad to see you have overcome them
Completely silent now

With heaven's help

You've cast your demons out

And not to pull your halo down

Around your neck and tug you off your cloud

But I'm more than just a litle curious

How you're plannin' to go about makin' your amends

To the dead

To the Dead


Recall the deeds as if they're all

Someone's else's

Atrocious stories

Now you stand reborn

Before us all

So glad to see you well


And not to pull your halo down

Around your neck and tug you to the ground

But I'm more than just a little curious

How you're plannin' to go about makin' your amends

To the dead

To the dead


With your halo slippin' down

Your halo slippin'

Your halo slippin' down

Your halo slippin' down


Your halo slippin' down

(I'm more than just a little curious

How you're plannin' to go about makin' your amends)

[repeated]


Your halo slippin' down

Your halo's slippin' down to choke you now

...nada ficou no lugar...


Adriana Calcanhoto, Público, 'Mentiras'

(...)
Nada ficou no lugar
Eu quero quebrar essas xícaras
Eu vou enganar o diabo
Eu quero acordar sua familia
(...)

no le llores



Caetano Veloso, 'Cucurrucucú Paloma' in Hable con Ella
(...)
Que una paloma triste
muy de mañana le va a cantar
a la casita sola
con sus puertitas de par en par;
juran que esa paloma
no es otra cosa más que su alma,
que todavía la espera
a que regrese la desdichada.
Cucurrucucú paloma, cucurrucucú no llores.

Las piedras jamás, paloma,
¿qué van a saber de amores?
(...)


segunda-feira, 30 de outubro de 2006

"O isolamento talhou-me à sua imagem e semelhança. A presença de outra pessoa - de uma pessoa que seja - atrasa-me de imediato o pensamento, e, ao passo que no homem normal o contacto com outrem é um estímulo para a expressão e para o dito, em mim esse contacto é um contra-estímulo, se é que esta palavra composta é viável pela linguagem. Sou capaz, a sós comigo, de idear quantos ditos de espírito, respostas rápidas ao que ninguém disse, fulgurações de uma sociabilidade inteligente com pessoa nenhuma; mas tudo isso se me some se estou perante um outrem físico, perco a inteligência, deixo de poder dizer, e, no fim de uns quartos de horas, sinto apenas sono. Sim, falar com gente dá-me vontade de dormir. Só os meus amigos espectrais e imaginados, só as minhas conversas decorrentes em sonho, têm uma verdadeira realidade e um justo relevo, e neles o espírito é presente como uma imagem num espelho.
Pesa-me, aliás, toda a ideia de ser forçado a um contacto com outrem. Um simples convite para jantar com um amigo me produz uma angústia difícil de definir. A ideia de uma obrigação social qualquer - ir a um enterro, tratar junto de alguém de uma coisa no escritório, ir esperar à estação uma pessoa qualquer, conhecida ou desconhecida -, só essa ideia me estorva os pensamentos de um dia, e às vezes é desde a mesma véspera que me preocupo, e durmo mal, e o caso real, quando se dá, é absolutamente insignificante, não justifica nada; e o caso repete-se e eu não aprendo nunca a aprender.
«Os meus hábitos são da solidão, que não dos homens»; não sei se foi Rousseau, se Senancour, o que disse isto. Mas foi qualquer espírito da minha espécie - não poderei talvez dizer da minha raça."

Bernardo Soares, in "Livro do Desassossego"

domingo, 22 de outubro de 2006

uma oração

El Shadday,
na felicidade e no tormento És a minha paz e em Ti confio.

Dam Bo (Sara Tavares, Balancé)
'Dá-me o que tens de Ti, Tu que tens o poder de serenar e alimentar a minha alma. Dá-me o que tens de Ti, Tu que me iluminas e matas a minha sede. Não quero estar só.'

sábado, 21 de outubro de 2006

'til the clouds clear


(just click the link & you'll find out)

[para os mais distraidos: lamb , "'til the clouds clear"]

quinta-feira, 19 de outubro de 2006

o hoje e o sofá azul

Blue couch
Pastel drawing by artist Miles Williams Mathis, Bruges, Belgium

As paredes do meu castelo estão caiadas pela ausência e as noites, agora longas, tornaram-se mais frias que nunca. Pela janela do olhar tento atenuar a solidão taciturna com pequenos monólogos mentais. Murmúrios íntimos de paisagens tranquilas que vivem em mim, a doce brisa que acaricia o momento perfeito de cada pôr-do-sol com que sou celestialmente abençoada.
Nesta imensidão de cores e ternura faço do mar a minha voz e do resplendor o brilho infinito com que teço o vagaroso dos meus dias. Caminho descalça pela areia, a sua textura rugosa afaga-me a alma e renova-me o alento. Na mão carrego apenas um livro com que tento apagar as minhas memórias construindo outras, através das estórias que descubro a cada página. É impossível bem sei, mas gosto de pensar que sim, que posso traçar, num simples gesto, a fantasia de um qualquer lirismo inocente. E sorrio.
Prossigo caminho antevendo a paz na enormidade do fim de tarde. Como se fosse necessário manter-me acordada, molho a face só pelo simples prazer de sentir deslizar o salgado pelos meus lábios agora agridoces. Fecho os olhos e levanto os braços ao céu. Num movimento rápido e circular deixo-me embalar pela brisa dançando a um ritmo que apenas eu conheço, que apenas eu sinto. O ritmo de quem ama deveras as palavras do silêncio e os momentos perfeitos da simplicidade onde, concluo, não há solidão, onde não há ausência… apenas o agora eterno.
As dores começam a sanar. A minha fortaleza começa a ganhar cor, tonalidades quentes que apagam o vazio e trazem consigo gentes, diálogos e partilhas…
- “E o sofá azul?!” perguntas-me.
Respondo-te apenas: “- Está comigo, no meu coração, no imenso que guardo em mim, as memórias retalhadas que tanto me magoaram um dia, o dia em que parti para nunca mais voltar... Quanto ao demais, deixa hoje ser o hoje...”.

terça-feira, 10 de outubro de 2006

letting go.

Hoje impera o silêncio.
Caminho face a um destino cujo mapa desconheço. Persigo o som, essa estranha e quase insana melodia que parece gritar-me nas entranhas. Já não estás para aparar-me quando cair e magoar os joelhos da alma. Por isso te guardo...
Guardo-te no meu baú de recordações, em que as memórias são como fotografias tridimensionais cheias de cor e movimento. Nele não há distância ou tempo, apenas reflexos, resquícios do outrora onde te tornas a ausência presente.
Entre um sorriso disfarçado e a lágrima que teima em cair, cristalizam-se em mim um turbilhão de emoções que parecem não querer abandonar-me, nem no momento em que o meu corpo descansa num sono profundo. E sonho.
Sonho que não te deixei partir, ouço o teu sorriso e olho os teus olhos. Esses olhos que um dia tranquilamente tocaram os meus. Estás tão perto que consigo sentir-te bem aconchegado a mim no sofá azul. A tua mão acaricia-me o cabelo num gesto simples e perfeito e sorrio de forma inigualável. Tornaste-te a paz brilhante.
Acordo. Tudo não passou de uma doce reminiscência da tua essência, a saudade incontrolável que não se despede e perdura.
‘Amar-te’ foi libertar-te de mim. Deixar-te voar esplendoroso rumo a um caminho que só tu conheces, junto daqueles que escolheste amar.
‘Amar-te’ foi dar-te ao mundo sem resignação, desejar-te feliz... e partir para nunca mais voltar.
'Amar-te é'...

segunda-feira, 11 de setembro de 2006

paz

A paz sem vencedor e sem vencidos

Dai-nos Senhor a paz que vos pedimos
A paz sem vencedor e sem vencidos
Que o tempo que nos deste seja um novo
Recomeço de esperança e de justiça.
Dai-nos Senhor a paz que vos pedimos

A paz sem vencedor e sem vencidos

Erguei o nosso ser à transparência
Para podermos ler melhor a vida
Para entendermos vosso mandamento
Para que venha a nós o vosso reino
Dai-nos

A paz sem vencedor e sem vencidos

Fazei Senhor que a paz seja de todos
Dai-nos a paz que nasce da verdade
Dai-nos a paz que nasce da justiça
Dai-nos a paz chamada liberdade
Dai-nos Senhor paz que vos pedimos

A paz sem vencedor e sem vencidos

(Sophia de Mello Breyner Andresen)

domingo, 20 de agosto de 2006

Requiem in Pax

"O que mais me intriga e dói na nossa morte, como vemos na dos outros, é que nada se perturba com ela na vida normal do mundo. Mesmo que sejas uma personagem histórica, tudo entra de novo na rotina como se nem tivesses existido. O que mais podem fazer-te é tomar nota do acontecimento e recomeçar. Quando morre um teu amigo ou conhecido, a vida continua natural como se quem existisse para morrer fosses só tu. Porque tudo converge para ti, em quem tudo existe, e assim te inquieta a certeza de que o universo morrerá contigo. Mas não morre. Repara no que acontece com a morte dos outros e ficas a saber que o universo se está nas tintas para que morras ou não. E isso é que é incompreensível - morrer tudo com a tua morte e tudo ficar perfeitamente na mesma. Tudo isto tem significado para o teu presente. Mas recua duzentos anos e verás que nada disto tem já significado."

(Vergílio Ferreira, in 'Escrever' )


Enquanto viver, viverás em mim...

sexta-feira, 18 de agosto de 2006

porque vale a pena pensar nisto...

"Um macaco passeava-se à beira de um rio, quando viu um peixe dentro de água. Como não conhecia aquele animal, pensou que estava a afogar-se. Conseguiu apanhá-lo e ficou muito contente quando o viu aos pulos, preso nos seus dedos, achando que aqueles saltos eram sinais de uma grande alegria por ter sido salvo. Pouco depois, quando o peixe parou de se mexer e o macaco percebeu que estava morto, comentou - que pena eu não ter chegado mais cedo!"

(Mia Couto)

segunda-feira, 24 de julho de 2006

...

Que música escutas tão atentamente

Que música escutas tão atentamente

que não dás por mim?

Que bosque, ou rio, ou mar?

Ou é dentro de ti

que tudo canta ainda?

Queria falar contigo,

dizer-te apenas que estou aqui,

mas tenho medo,

medo que toda a música cesse

e tu não possas mais olhar as rosas.

Medo de quebrar o fio

com que teces os dias sem memória.

Com que palavras

ou beijos ou lágrimas

se acordam os mortos sem os ferir,

sem os trazer a esta espuma negra

onde corpos e corpos se repetem,

parcimoniosamente, no meio de sombras?

Deixa-te estar assim,

ó cheia de doçura,

sentada, olhando as rosas,

e tão alheia

que nem dás por mim.


(Eugénio de Andrade, Coração do dia)

domingo, 11 de junho de 2006

para um amigo,

PARABÉNS...

(SURPRESA!! just click the link & you'll find out)

sexta-feira, 9 de junho de 2006

em escuta:

...estranhamente insano, quase irreal e sem sentido... eis-me hoje num qualquer fazes-me falta...


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[para os mais distraídos: massive attack, "live with me"
]

o sofá

leiria, 7 de junho 2006

Ninguém escreve sobre sofás é certo... talvez porque seja banal gostar-se deles.
Ainda assim escrevo. Não só porque gosto, mas também porque acredito que é possível saborear-se com grande prazer momentos e gestos aparentemente triviais como aconchegarmo-nos num sofá e adormecer nele tranquilamente.
No meu sofá reside apenas o conforto, a arte do ritmo sem ritmo que caracteriza cada final de dia.
Confesso igualmente gostar de de sofás em pequenas festas... o que por si só se revela uma estranha antinomia entre o objectivo da festa e o do sofá. Mas é delicioso. Na minha quietude observo serenamente a agitação que se desenvolve; os copos, as conversas cruzadas e os olhares que se trocam. Uns brincam entre si outros dançam. Todos tem um papel, o de ser o que escolhem no momento.
No sofá sou com cada uma dessas gentes... mas é no meu sofá que adormeço para o infinito...
beijo.

quinta-feira, 8 de junho de 2006

em escuta:

...porque é bom quando questiono... e pior quando o sinto...


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[para os mais distraídos: nick cave & the bad seeds, "(are you) the one "]

quarta-feira, 7 de junho de 2006

em escuta:

...a cura para a dor...

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[para os mais distraídos: morphine, "cure for pain"]

gosto

O tempo.
Sempre gostei particularmente do tempo. Talvez por isso mesmo não use nenhum relógio nem me discipline por eles…

Gosto do tempo psicológico, gosto de poder sentir o prazer de me regular por ele… aquele tempo que só existe em ti mesmo e que determina o grau de satisfação que os estímulos exercem a cada momento do teu ser…
Há minutos que parecem eternidades e horas somente segundos… tudo funciona ao nível da psiché humana de um modo quase perfeito.

Pelo tempo, descobres o que amas e o que odeias, quem amas e quem odeias… ou simplesmente o que e quem estás disposto a suportar.

Gosto do tempo em que me esqueço da minha existência, abandonar-me no infinito, sentir o prazer fugaz do momento e encontrar a plenitude do agora…

Não gosto do passado… não porque o queira esquecer, sou quem sou determinada nos registos que tenho dele e daqueles que escolhi recordar; simplesmente não gosto de acto de guardar e de viver do que guardo…

Preciso de fechar as gavetas à chave, e nelas trancar as memórias… arquivar pessoas e gentes, lugares e momentos… sob pena de me aprisionar também lá dentro!

Não gosto quando tenho de fingir… nunca fui boa actriz e sou péssima mentirosa, os meus olhos e feições denunciam-me de imediato… definitivamente, não gosto…

Gosto do aleatório, o mero acaso… gosto de chegar e partir quando assim o desejo… gosto dos rostos estranhos que me cercam no dia a dia… gosto de me apaixonar num segundo mas detesto desapaixonar-me em meses…

Gosto de saber-te longe... gosto de esquecer-te...

Gosto de elevadores, e não de sentir-me aprisionada neles… Gosto de ouvir um bom som, pegar no carro e vaguear por aí sem destino… gosto de escrever sem um propósito ou objectivo e voar nas asas da imaginação livremente… gosto de fotografias, dos olhares dispersos…
Gosto de camas desfeitas, noites quase perfeitas, não gosto de promessas... gosto do calor e do vento, de caminhar à chuva numa espécie de libertação total...
Gosto disso mesmo… da liberdade, de senti-la em cada poro do meu corpo… com se andasse descalça no e para o mundo…

Gosto de ouvir Morphine acompanhada por um bom vinho… gosto do hoje, gosto do agora… amanhã não sei… e sinceramente, também não é importante…

beijo

Enquanto ouvia, “The Night”, Morphine, álbum «The Night»

terça-feira, 6 de junho de 2006

em escuta:

...hoje...

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estórias

vale furado, junho 2006
...talvez porque hoje faz sentido...
Tentou escrever sobre a ausência, mas não havia palavras que pudessem descrever a tempestade de sentimentos que parecia experimentar.

O céu estava particularmente cinzento e o calor que se fazia sentir era prenúncio de uma chuvada de verão…
“Talvez tenhas levado contigo também o sol…”, sussurrou de forma quase inaudível à medida que as lágrimas lhe obscureciam involuntariamente a visão.
Permaneceu quieta e silenciosa. Ouvia Chopin mergulhada não sei se em recordações se na sua própria tristeza. Examinei-lhe a face e senti-lhe o agravo da perda.
Ele tinha partido em busca dos seus sonhos e aspirações quase poéticas de um “admirável mundo novo” que somente ele parecia conhecer. O entusiasmo como falava daquele que hoje é o seu projecto de vida sempre a comoveu profundamente.
Por vezes penso que foi por isso mesmo que ela se apaixonou por ele incondicionalmente. Confidenciou-me um dia saber que a separação seria irreversível, mesmo que não fosse ocasionada pela distância já o era pela vontade.
Na verdade, eles eram muito diferentes um do outro; ele enamorado pela vida e ela presa a um ciclo de quem se habituou a viver…
Devo confessar que inicialmente tive dificuldade em compreender porque razão continuava ela a alimentar um sentimento que sabia ser unilateral e impossível de concretizar…
Quando questionada respondia-me sempre o mesmo: “A aceitação do outro e das suas opções na sua plenitude é produto de um amor maior, o amor que deveria movimentar todo o MUNDO independentemente do carácter que assumem os relacionamentos…”.
Nunca acreditei nela… até hoje, que ele efectivamente partiu.
Com um brilho especial no olhar disse-me: “Acho que o consigo imaginar a sair do avião… feliz!”
Nesse exacto momento contemplei-a na sua quietude. Lembro-me de os ver juntos a conversar amenamente há uns dias e, seguidamente, das suas palavras. Esboço um sorriso… ela falava a verdade!

sexta-feira, 2 de junho de 2006

identidade

Amigos estou de volta...

após umas horas de trabalho dei um novo "rosto" ao meu blog... mais pessoal do nunca utilizei no cabeçalho uma fotografia que tirei há uns dias... gosto dela e do que para mim representa - um novo caminho a percorrer.
O restante tempo dispendi-o a fazer "formatações chatas"... se pudesse ainda alterava algumas coisas... mas isso não é para já! De qualquer modo, espero que gostem...
beijo.

segunda-feira, 29 de maio de 2006

angústia

Hoje, mais uma vez: "- não precisamos de momento de ninguém... mas deixe o seu contacto." Esboço um sorriso, deixo a cópia de um Curriculum Vitae e parto...


Uns conhecem melhor esta premissa e gesto que outros... especialmente quem se licencia em Ciências Sociais e Humanas...
Acordar de manhã para 'o nada' é já demasiado penoso e angustiante, a coragem e esperança vão diminuindo gradualmente...
Penso, algumas vezes, que deveria ter-me licenciado num ramo de engenharia... mas o que amo são as pessoas, sem elas nada funcionaria... nada existiria... é possivel algum choque tecnológico sem seres humanos?! - pergunto-me de seguida, numa quase vã tentativa de me animar.

Hoje, sinto-me só e desamparada... talvez amanhã,... a esperança retorne e continue a sonhar...
beijo.

em escuta:

(...)
I need to sleep
It’s been a whole week

Cos tears keep falling into my pool
Bright lights driving right into me cold
(...)

(just click the link & you'll find out)
[para os mais distraídos: archive, "sleep"]

domingo, 28 de maio de 2006

parafraseando...

"Sem ilusões, vivemos apenas do sonho, que é a ilusão de quem não pode ter ilusões. Vivendo de nós próprios, diminuímo-nos, porque o homem completo é o homem que se ignora. Sem fé não temos esperança, e sem esperança não temos propriamente vida. Não tendo uma ideia do futuro, também não temos uma ideia de hoje, porque o hoje, para o homem de acção, não é senão um prólogo do futuro. A energia para lutar nasceu morta connosco, porque nós nascemos sem o entusiasmo da luta."
(Bernardo Soares, in Livro do Desassossego)

quinta-feira, 25 de maio de 2006

reencontros

vale furado, maio de 2006

Tudo se me evapora, é certo... e fugi!
Escapei-me do mundo e das gentes e, num tempo e espaço só meus, convidei-me à reflexão fugaz. Não precisei de um motivo... somente o desejo de me reencontrar serena.
Na minha mala levei apenas o essencial e a minha máquina fotográfica.
Desci à praia. E numa espécie de arte contemplativa saboreei o prazer da solidão e anonimato oferecidos pela desertificação local.
Fechei os olhos e deixei-me voar no infinito. O som do mar ecoava quase sombrio à medida que o vento quente me acariciava a pele... senti-me bem, feliz e liberta... redescobri novamente o prazer extraordinário e inexplicável da simplicidade. Esse mesmo prazer que nos faz sorrir sem causa, talvez porque a causa reside no sorriso em si mesmo.
Nesse momento, não sei muito bem a razão, mas dei por mim a sussurrar a letra de "nico" de marlango...

"my mind wonders with no map
I have no route, no point, I daydream
my mind wonders with no map
and real life colours seem washed out
my eyes see things of a secret nature
I resist from trying to understand
I tear de pages of my past"
(...)

Perfeito! Poderá algo ser mais belo do que saborear o momento, o presente... Creio que não! Acredito que o que nos torna derradeiramente felizes e ou infelizes é o modo como os nossos olhos reflectem o passado e planificam o futuro... e que espelhos escolhemos trazer connosco durante o caminho que percorremos...
Que assim o seja... quanto a mim?... fui muito feliz!!
beijo.

em escuta:

(...)
and you will never be the same,
you will also be insane
(...)



(just click the link & you'll find out)
[para os mais distraídos: marlango, "madness"]

quarta-feira, 24 de maio de 2006

eis-me aqui...

Voltei, após alguns meses de ausência.
Encerrei definitivamente o "nucibusrelictis", o meu blog anterior... e com ele uma página do meu passado...
O tempo é curioso e inexorável! Já não sou quem era, os meus sonhos e motivações também se alteraram. Nada é eterno e estamos em permanente mudança. aliás começo a gostar particularmente dessa palavra - «mudança». Talvez porque já não a temo... Talvez porque necessite tanto dela como um músico do seu instrumento...
Começo a descobrir em mim novos anseios, "coisas" de que gosto, quero e vou fazer... porque "voar mais alto" é necessário para construção de nós mesmos enquanto sujeitos activos no mundo. Penso que o mais dificil foi perceber com clareza o que realmente me motivava e ainda, porque pretendia o que pretendo...
Chegou a altura de seguir o meu caminho e de o construir sozinha... porque voltei a sonhar, não mais o sonho acordado, mas sim o sonho de quem quer soltar-se das amarras da habituação e reconstruir-se.
Espero que partilhem comigo esse desejo...
beijo.