sábado, 15 de setembro de 2007

joy division



INTEMPORAL!
Comovente!
Inesquecível!
...


ATMOSPHERE
(Joy Division)

Walk in silence,
Dont walk away, in silence.
See the danger,
Always danger,
Endless talking,
Life rebuilding,
Dont walk away.

Walk in silence,
Dont turn away, in silence.
Your confusion,
My illusion,
Worn like a mask of self-hate,
Confronts and then dies.
Dont walk away.

People like you find it easy,
Naked to see,
Walking on air.
Hunting by the rivers,
Through the streets,
Every corner abandoned too soon,
Set down with due care.
Dont walk away in silence,
Dont walk away.

sábado, 8 de setembro de 2007

umpletrue

E ontem fui a um belo concerto... Umpletrue! Electrizante!
Passem por aqui que vale a pena. Já agora comprem o álbum.

Enquanto isso:



(NY)

domingo, 2 de setembro de 2007

para recordar



Colin Hay, 'I Just Don't Think I'll Ever Get Over You'

domingo, 26 de agosto de 2007

gregor samsa



Gregor Samsa, 'Even Numbers', álbum '.55.12'

Estes meninos procuraram a sua inspiração em Kafka presumo, não fosse Gregor Samsa a personagem principal de 'A Metamorfose'.
Quanto a mim, parece-me que trazem igualmente consigo influências de Müm, Sigur Rós, Mogwai... Apesar da qualidade do vídeo e som ser miserável aconselho vivamente a escutarem um pouco da doce sonoridade com a qual nos presenteiam.

terça-feira, 14 de agosto de 2007

my eyes see things of a secret nature...








Direitos Reservados, Míriam
Mata Nacional de S. Pedro de Moel

Porque gosto de contar estórias, até quando as palavras parecem não chegar...
Porque a fotografia me permite partilhar a natureza secreta do que os meus olhos vêm...

domingo, 22 de julho de 2007

...

One day i'll be on time...
One day...

quinta-feira, 5 de julho de 2007

God is an astronaut



(God Is An Astronaut, 'Fragile')

Lovely, isn't it!...

Portugal, 19 de Outubro no Santiago Alquimista

segunda-feira, 2 de julho de 2007

Fotografia

Miriam

Recentemente fiz um trabalho para um fotografo amigo meu muito embora não seja, nem aspire a modelo. Já estou velhota para essas andanças. No entanto, foi engraçado, mais que não seja pela oportunidade de nos observarmos de um modo peculiar.
Para todos aqueles que gostam de fotografia, recomendo que passem pela sua página pessoal. Serão com certeza, umas horas bem passadas.

terça-feira, 1 de maio de 2007

mar - the silence


Ouvi pela primeira vez MAR há um ano atrás. O seu álbum THE SILENCE presenteia-nos com uma sonoridade doce e melancólica... por vezes mesmo, deprimente...
Ainda assim, é, sem dúvida, um nome a reter e um álbum obrigatório nos meus dias frios de inverno...
Passem por lá!

terça-feira, 24 de abril de 2007

Lambchop


(Lambchop, album: 'Damaged')

Vale a pena passar por aqui. Ouvir a doçura extraordinária de Paperback Bible!
Deixo-vos aqui um nome a reter, Lambchop e um álbum obrigatório 'Damaged'...

terça-feira, 17 de abril de 2007

lhasa de sela



(Lhasa de Sela, De Cara a la Pared)

Porque esta senhora é grande, porque esta senhora é divinal, porque o seu choro é uma doce melodia encantadora...

(De Cara a la Pared)

Llorando
de cara a la pared
se apaga la ciudad

Llorando
Y no hay màs
muero quizas
Adonde estàs?

Soñando
de cara a la pared
se quema la ciudad

Soñando
sin respirar
te quiero amar
te quiero amar

Rezando
de cara a la pared
se hunde la ciudad

Rezando
Santa Maria
Santa Maria
Santa Maria

segunda-feira, 16 de abril de 2007

fuck you



Archive
"Fuck You"

There's a look on your face I would like to knock out
See the sin in your grin and the shape of your mouth
All I want is to see you in terrible pain
Though we won’t ever meet I remember your name

Can't believe you were once just like anyone else
then you grew and became like the devil himself
Pray to God I think of a nice thing to say
But I don't think I can so fuck you anyway

You`re a scum, you`re a scum and I hope that you know
That the cracks in your smile are beginning to show
Now the world needs to see that it's time you should go
There's no light in your eyes and your brain is too slow

Can't believe you were once just like anyone else
then you grew and became like the devil himself
Pray to God I can think of a nice thing to say
But I don't think I can so fuck you anyway

Bet you sleep like a child with your thumb in your mouth
I could creep up beside put a gun in your mouth
makes me sick when I hear all the shit that you say
so much crap coming out it must take you all day

There's a space kept in hell with your name on the seat
With a spike in the chair just to make it complete
When you look at yourself do you see what I see
If you do why the fuck are you looking at me

There’s a time for us all and I think yours has been
Can you please hurry up cos I find you obscene
We can’t wait for the day that you’re never around
When that face isn’t here and you rot underground

Can’t believe you were once just like anyone else
Then you grew and became like the devil himself
Pray to god I can think of a nice thing to say
But I don’t think I can so fuck you anyway

So fuck you anyway

quinta-feira, 12 de abril de 2007

se o amor for outra coisa

Foto por Míriam

«E de repente tudo se desfaz. Não posso deixar de te dizer que não te quero a meu lado, nem por perto. Que de repente há um barulho em que as palavras se transformam, assustadoras, que quero ficar sozinha, longe de ti, como agora, muito longe aqui fechada, agarrada à almofada pequena. Tu não és o primeiro. És só outro que vem para me roubar de mim. Acredito que com a melhor das intenções, sem qualquer maldade. A maldade vem depois quando já não se aguenta de outra maneira e dói por todo o lado e nos tornamos iguais àqueles que detestamos. Os outros são como nós. Tu também és como os outros. Um que passa. De cada vez mais lentamente, é certo, com mais dor, da pior maneira. Tu não és o primeiro, nem sequer o último que provoca em mim esta paixão de que só eu sou culpada. A paixão que é minha, que me arrasta, me arrasa.
Digo-te isto tudo porque sei que não podes ouvir-me. Minto-te porque não sei encontrar a verdade. Sofro sem de mim ter piedade. Eu mereço aquilo que te faço, engano-me com o amor, sem desculpa. Sei que fui eu a chamar-te. Estava aflita. Lembrei-me de ti e disse-me: vais ser tu a livrar-me desta aflição. Não sei porquê. Talvez porque já tivesse tomado outras medidas, feito outros esforços sem qualquer resultado. Talvez porque soubesse que tinhas de ser tu por assim o ter decidido. És tu, vais ser tu, tens de ser tu. E no princípio pareceu dar resultado. Telefonei-te para dizer que precisava de estar contigo e tu vieste a correr, como um menino. Não devias, mostraste-me outra vez esse estranho poder, o desejo. Não esperei que fosses bonito mas a tua voz por detrás de ti encantava-me. O teu sorriso lembrava por vezes a serenidade de um Buda. E por mais que dissesses a tua dor eu não acreditava, eu só sentia a minha a desfazer-me. Servi-me de ti como quem bebe um xarope, pela garrafa, desculpa-me se assim to digo. Ao meu colo tu eras um menino a choramingar por ter partido um brinquedo. Essa mulher por quem sofrias nunca existiu senão como personagem de livro. É assim que o sinto. É assim que mo fizeste sentir e é só isso que importa, é disso que se trata. Aliás, era difícil distinguir em ti o que fazia parte deste mundo, do outro onde te protegias, te escondias, te fazias passar por quem não eras. Falo-te com raiva porque já não me serves de remédio e tenho de encontrar outro mais forte e não é fácil. Sou facilmente magoada. Sou facilmente usada. Deixo-me usar. Contigo ainda foi pior. Porque tudo parecia ser como não era. Para ti eu era material de literatura. Até podia parecer que estávamos bem um para o outro. O teu analista dizia-te que só me podias ajudar, fazer-me bem. O que saberia de mim o teu analista senão o que lhe dizias e desejavas ouvir. Sim, arranjaste todas as desculpas para me teres e para me deixares. Para te entreteres, para recomeçares a escrever, para teres a ilusão de que fazias alguma coisa dos teus dias. Para saíres da cama e assobiares. Eu servi-te de tudo. Mas sobretudo de desculpa para continuares quando não encontravas vontade ou razão ou motivo que fosse para continuares. Fui a tua desculpa.
Foi então que encontrei aquele pó branco que alivia. Não te culpo disso. Se não fosses tu, seria outro. Sou eu que me faço mal a mim própria e não consigo sair disto. É uma dor muito antiga que volta sempre. É uma dor que só pode ser expulsa por outra maior. Aquele pó branco anestesia. Sei que não tenho perdão. Nem o procuro. Sou responsável por tudo o que me faço. Isto já começou há muito tempo e não parece ter fim e o pó branco ajuda. O pó branco é uma coisa com quem não precisas de falar, que não tens de acariciar, que nada te exige em troca de prazer. É uma coisa que te não pode mentir, porque é uma coisa inerte, fria, morta. É a única coisa que te pode aliviar. Desculpa-me dizer-to. Tu não tens culpa. Foste só um a passar. Doeu como dói sempre. Nada assim de tão particular. És um menino no meu colo que se cansou e adormeceu. Gosto de pensar assim em ti. Dorme agora. »

Pedro Paixão, Amor Portátil

tão longo adeus para breve vida

S. Pedro de Moel, 'Descida da Areia', Foto por Míriam

«Há zonas da cidade que evito, uma série de restaurantes onde não penso voltar. Tenho muito medo de te encontrar. Só ou acompanhada, tanto faz. Minto. O ciúme ataca a horas incertas mesmo depois de tudo se julgar acabado. Muito medo de não poder saber de antemão o que vou sentir, como vai ser, não poder antever o golpe. O medo de todas as palavras ridículas, e todas elas serão ridículas, de todos os gestos desajeitados, e não haverá nenhum que possa reclamar como meu. Medo de ficar a pensar violentamente em ti durante horas, sabe-se lá onde, sem conseguir regressar ao normal correr do tempo. Uma intromissão que exige o álcool que se põe, embebido em algodão, na ferida que reabriu para que de novo arda, palavras aflitas de uma conversa em que só eu estou de facto interessado e vou aumentando a parada provocando a memória até que faça doer. E depois o regresso a casa com o corpo anestesiado, a música aos berros, a vontade que tudo se desfaça no instante para o qual falta a coragem. Chegar a casa e agarrar numa última garrafa e nas tuas fotografias até me virem os vómitos, as lágrimas, o ranho que expulse de mim o que guardo no mais fundo e me traz a vida vazia e inútil. Tenho tanto medo de te encontrar que mesmo nunca te encontrando estás mais presente que todos os que vejo girar à minha volta.»

Pedro Paixão, Amor Portátil

domingo, 8 de abril de 2007

coração na boca

Foto Míriam.

«Começaste por perguntar: "Queres acabar comigo?" como se me fosse possível acabar contigo. Nem que te matasse. Se te matasse seria pior ainda, pior do que já sou. Não preciso de te ver para te matar. Preciso só de matar aquilo que sou.
Não te encontrei por acaso. Foi mesmo preciso, uma necessidade da vida, do mundo, não minha. E agora dói tanto continuar a rever-te. Repito para dentro de mim que o passado não existe. Uma fraca estratégia para enganar o futuro.
Quando entraste pela primeira vez no carro já tudo estava decidido. Que não íamos a nenhum lado. Sequer fazer amor. Lembro tão bem as noites em que te pedia morfina, para adiantar o tempo, para atrasar o mundo.
Desfiz-me tanto nas tuas mãos que acabei em páginas de livro.»

Pedro Paixão, Amor Portátil

sábado, 7 de abril de 2007

outrora... hoje...

Foto, Eu @ S. Pedro de Moel.

«Sinto-me tão a mais. Não sentes como me sinto? Quase a enlouquecer. Cheio de medo de amar, tanto medo, mete tanto medo o amor. E depois, imagina tu, o que pode acontecer. Não acontecer nada. É demasiado perigoso, imprevisível, impossível de controlar, deve ser morto logo que apareça, como uma criança antes de o ser. A vida é sempre a mesma e diferente. A náusea, sabes o que é? Se quiseres podes ir ao dicionário. Mas não vais saber. Já te disse, não vale a pena dizer outra vez. Amo-te muito. Não te quero ver. Para fazer o quê? Não me lixes, merda.»

Pedro Paixão, Muito, Meu Amor

terça-feira, 3 de abril de 2007

i guess...

...

«Já nada serve tentares enganar-te a ti próprio, jogares para a frente o destino. Acordas numa manhã igual a todas as outras com a certeza que o amor não se repete. Que persistes na vida como uma espécie tolerada que insiste em continuar por aí, alguma coisa que ainda dá sinais de vida e já vai morto, erva arrancada ao caminho, que para algumas coisas ainda serve. Percebes, deitado de costas, com uma irrecusável nitidez que quem amas se quer ver livre de ti para sempre e só ainda tem a piedade ou a pena de não te dizer pelas palavras mais simples. Quer que o descubras por ti e partas por tua livre vontade. Como se tivesses lugar para onde ir. Não ousas tocar-lhe, não ousas dizer uma palavra sequer, choras baixinho para que não acorde. Já não te consegues esconder, tapar com um muro ou um écran de fantasia. Deixou de te amar, uma coisa simples que pode sempre acontecer a quem quer que seja, está sempre a acontecer por todo o lado. Uma coisa irreversível e irreparável e estúpida como um desastre inesperado. Não ousas mexer-te, com receio de ouvires as palavras temíveis. Gostavas que tudo fosse um sonho, um pesadelo, mas sabes bem que não. Sentes tanto medo que continuas imóvel. Não sabes para onde fugir, onde te esconderes. Quem se encontra deitado ao teu lado é o teu perigo, e não tens qualquer esperança, nem vontade, de lhe sobreviver. Sentes só uma dor aguda no peito que vai e volta para se fazer melhor sentir, uma faca que te espetam devagar e com maldade. Quem te amou e deixou de te amar, que se enganou, uma coisa tão simples como isso, tão vulgar como esta, só que és tu que estás ali parado e ferido sem te poderes levantar, sem poderes acabar o que quer que seja ou recomeçar o que quer que seja, nesta manhã igual a todas as outras em que descobres o que já sabias e maldizes a vida que por instantes vos uniu e vos separou.»

Pedro Paixão, Amor Portátil

quinta-feira, 29 de março de 2007

mentes brilhantes



(Ben Harper & Eddie Vedder, 'Indifference' Live @ Madison Square Garden)

will light the match this mornin', so I won't be alone | Oh, watch as she lies silent, for soon night will be gone | I will stand arms outstretched, pretend I'm free to roam | Oh, I will make my way, through one more day in hell | I will hold the candle till it burns up my arm | Oh, I'll keep takin' punches until their will grows tired | I will stare the sun down until my eyes go blind | But, I won't change direction, and I won't change my mind | How much difference does it make | Oh, how much difference does it make | I'll swallow poison, until I grow immune | I will scream my lungs out till it fills this room | How much difference does it make | Oh, how much difference does it make | Oh, how much difference does it make | Oh, how much difference does it make

sofrimento | pedro paixão



(São Pedro de Moel; Foto, Míriam)

«O sofrimento pode ter sentido, transformar-nos por dentro. É preciso paciência. Porque o tempo parece nunca mais acabar e somos projectados para um ponto muito longe de convívio entre os humanos. Faz parte do sofrimento deturpar as coisas, vê-las através de lentes tão forte que facilmente entontecemos, nos desequilibramos, caímos. Temos medo de tudo, de nós mesmos. A simples superfície das coisas nos agride. Somos assaltados por demónios que nos roem a alma. É um tormento em que nos atormentamos. É preciso ter paciência e o mais das vezes não a temos. A violência da vida bate-nos em cheio. Procuramos abrigos e todos cedem e nenhum é suficiente. Recordamos a paz que perdemos como o bem mais precioso, ignoramos o caminho que nos traga de volta a nós próprios. Falta-nos a coragem, mas para ela nem encontramos motivos. O mundo todo é um mal-entendido que aguardamos que se resolva ou estoire e enquanto nada acontece sofremos. Agarramo-nos a coisas que se nos escapam entre os dedos. Só a morte está por todo o lado desperta, cerca-nos, olha-nos com olhos muito abertos, mete medo. Fechamos os olhos, mordemos os lábios, fugimos para debaixo da cama e não há maneira. O amor é uma coisa tão distante, tão impossível. Vivemos, momento a momento, uma solidão que nos aperta a garganta, faz de nós o que quer. Uma música, uma palavra, a folha caída e é o suficiente para nos trazer uma irremediável precisão de chorar. E quando choramos não sabemos bem porque o fazemos, é só a tristeza a tomar conta de nós. O sofrimento pode ter sentido, transforma-nos por dentro. Meu Deus, fazei que assim seja. Dai-nos paciência e uma pequena esperança. Ajudai-nos a aceitar quem somos. Salvai-nos da confusão. Obrigai-nos a prosseguir, porque ignoramos.»

Pedro Paixão - Amor Portátil

quarta-feira, 28 de março de 2007

Déjà Vu!

Déjà Vu!!
- E fazes-me mal!!... Definitivamente fazes-me mal! O meu estômago contorce-se, a minha expressão muda de figura e só me apetece ‘partir-te a cara’ porque me obrigas a tomar atitudes que abomino… tudo pela tua estúpida cisma de achares que o mundo nasce de ti e para ti, esse movimento ininterrupto com que observas a realidade sem por um momento reflectires sobre o outro ou responsabilizares-te pelas tuas próprias atitudes… Tudo o que hoje tens, por ti foi semeado…
Merda! Gostava que tivesse sido de outro modo…
Tenho dito!...

segunda-feira, 19 de março de 2007

o lúcifer da idade moderna...

Porque me revolta, porque me chateia, porque me indigna... porque há 'bois da beira' (perdoem-me a expressão) que simplificam tudo na premissa 'os portugueses não querem trabalhar!'... mentalidades, portanto!!
Em jeito de resposta deixo-lhes Pierre Bourdieu (1998).

«(...) Foi claramente exposto que hoje a precariedade está em toda a parte. No sector privado, mas também no sector público, que multiplicou as posições temporárias e 'a recibo', nas empresas industriais, mas também nas instituições de produção e difusão cultural, educação, jornalismo, meios de comunicação social, etc., com a precariedade produzindo efeitos sempre mais ou menos idênticos e que tornam particularmente visíveis no caso extremo dos desempregados: a desestruturação da existência, privada entre outras coisas das suas estruturas temporais, e a degradação de toda a relação com o mundo, com o tempo, com o espaço, que se lhe segue. A precariedade afecta profundamente aquele ou aquela que a sofre; tornando todo o futuro incerto, proíbe qualquer antecipação racional e, em particular, esse mínimo de esperança e de crença no futuro, que é necessário à revolta, sobretudo colectiva, contra o presenta, por mais intolerável que este seja.
(...) A precariedade nunca se deixa esquecer; está presente, a todo o momento, em todas as cabeças (excepto decerto nas dos economistas liberais, talvez pelo facto de, como observava um dos seus adversários teóricos, beneficiarem dessa espécie de proteccionismo representado pela 'tenência', posição de titulares que os arranca à insegurança...). Obsidia as consciências e os inconscientes. A existência de um importante exército de reserva, que já não se encontra apenas, dada a sobreprodução de diplomados, nos níveis mais baixos da competência e da qualificação técnica, contribui para fazer sentir a cada trabalhador que ele nada tem de insubstituível e que o seu trabalho, o seu emprego, é de certo modo um privilégio, e um privilégio frágil e ameaçado (...). A insegurança objectiva é a base da insegurança subjectiva generalizada que afecta hoje, no coração de uma economia altamente desenvolvida, o conjunto de trabalhadores (...). Esta espécie de 'mentalidade colectiva', (...) comum a toda a época, encontra-se no princípio da desmoralização e da desmobilização que se pode observar (...) em países subdesenvolvidos, castigados por taxas de desemprego ou de subemprego, muito elevadas e perseguidos permanentemente pelo medo do desemprego.
(...) Quando o desemprego, como hoje em numerosos países europeus, atinge taxas muito elevadas e a precariedade afecta uma parte muito importante da população (...) o trabalho torna-se uma coisa rara, desejável a qualquer preço, que põe os trabalhadores à mercê dos empregadores e estes, como podemos verificar todos os dias usam e abusam do poder que assim lhes é dado. A concorrência em torno do trabalho é redobrada assim por uma concorrência no trabalho, que continua a ser uma forma de concorrência em torno do trabalho, que é preciso conservar (...) contra a chantagem do despedimento Esta concorrência, por vezes tão selvagem como aquela a que as empresas se entregam, encontra-se no princípio de uma luta contra todos, que destrói todos os valores de solidariedade e de humanidade e, por vezes, assume uma violência sem disfarce.
(...) Assim a precariedade age directamente sobre aqueles que toca (....) e indirectamente sobre todos os outros, pelo medo que suscita e que é metodicamente explorado pelas estratégias de precarização, como a introdução da famosa 'flexibilidade' - cuja inspiração, bem entendido, remete tanto para razões políticas como económicas. Começamos assim a entrever que a precariedade é produto não de uma 'fatalidade económica', identificada com a famosa 'mundialização', mas de uma vontade política. A empresa 'flexível' explora de certo modo deliberadamente uma situação de insegurança que contribui para reforçar: procura baixar os seus custos, mas também tornar possível essa baixa pondo permanentemente o trabalhador em perigo de perder o seu trabalho. Todo o universo de produção, material e cultural, pública e privada é assim arrastado por um vasto processo de precarização, associado por exemplo, à desterritorialização da empresa (...).
Ao facilitar-se ou organizar-se a mobilidade do capital, e a 'deslocalização' para os países com salários mais baixos, onde o custo do trabalho é mais fraco, favoreceu-se a extensão à escala mundial da concorrência entre os trabalhadores (...).
A precariedade inscreve-se num modo de dominação de tipo novo, baseado na instituição de um estado generalizado e permanente de insegurança visando coagir os trabalhadores à submissão, à aceitação da exploração. Para caracterizar este modo de dominação (...) houve aqui alguém que propôs o conceito, ao mesmo tempo muito pertinente e muito expressivo, de flexploração. o termo evoca muito bem essa gestão racional de insegurança.
(...) Contra tal regime político, a luta politica é possível. Pode dar-se em primeiro lugar como fim, como a acção caritativa ou caritativa-militante, encorajar as vitimas da exploração, todos os precários actuais e potenciais, a trabalharem em comum contra os efeitos desestruturadores da precariedade (...), e sobretudo a mobilizarem-se, à escala internacional (...).
Para que o sistema económico funcione, é preciso que os trabalhadores nele introduzam as suas próprias condições de produção e de reprodução, mas também as condições de funcionamento económico, a começar pela sua crença na empresa, no trabalho, na necessidade do trabalho, etc.»

(Pierre Bourdieu, 1998, Contrafogos, pp.113-120, Edições Celta)

quarta-feira, 14 de março de 2007

aniversarios...


(mica (on the left side), me (in the center), and joana (on the right side))

As minhas melhores amigas fazem anos este mês... assim como eu. O que nos une? Uma profunda amizade que dura há anos, Mica, dia 14, Joana, dia 19 e eu, dia 22... Março... excelente mês para um colheita interessante...
Nos bons e maus momentos têm sido uma presença constante, mesmo quando a distância nos separa. Sem sufocos ou cobranças emergimos a cada dia, alegrando-nos mutuamente. Indubitavelmente é essa a grande mais valia, a unicidade na liberdade, a aceitação na diferença... incondicionalmente somos como um bom vinho tinto, aveludado, que ganha a cada ano um sabor inigualável...
Porque quem tem amigos, nunca está só!... A vocês, minhas caras!! Um brinde...

sábado, 10 de março de 2007

ausência

…Fui buscar-te ao baú das minhas recordações. Estavas pálido e com algum pó mas ainda assim reconheci o teu sorriso. No dia que decidi trancar-te, sabia da inevitabilidade deste momento, a saudade…
Culpas?! Culpados?! Somos todos um dia, fui eu… foste tu… fomos… mas é isso mesmo que nos torna hoje inocentes.
Ficou a tua doçura na minha memória, e do silêncio a minha decisão de abandono. Terminado está…, já não te lembras do meu sorriso, e eu vou esquecendo o sofá azul…
Prefiro pensar que tudo acontece por um motivo, com um propósito. O sentido sempre foi parco nas suas explicações e por isso mesmo deixo-me fluir cada dia livremente, deixando para o outrora o que poderia ter sido e não foi.
Encontrei-te no acaso. Continuas preso… agarrado à maldita e falsa sensação de liberdade que te tolda os sentidos e emoções. Nesse parco instante preferi que mil baldes de água gélida me inundassem o corpo…
Deixar-te partir é por vezes tão difícil e doloroso que sinto a alma em chamas! Mas não é essa a essência do que fica?! A essência de quem amou um dia… inexoravelmente…
Gostaria hoje ter dez anos e amar a perfeição dos momentos, dos gestos, das coisas, sem esperar receber nada em troca. Amar incondicionalmente… simplesmente porque se ama. Sim, porque não é preciso sentido para amar-se… apenas uma qualquer luz que se esquadria na nossa alma e nos aquece nas noites frias. És tudo isso, o calor nos dias frios, a frescura dos verões intensos, a alegria no choro… Mas hoje e agora és somente o meu silêncio distante, de quem já não tem medo de partir sem deixar rastro…
Não precisas de existir em mim, porque ÉS… o teu semblante permanece à medida a que os meus olhos se humedecem, ainda que sem frescura… e tudo se resume à tua ausência, silenciosamente sentida…
…Amanhã é outro dia…

sexta-feira, 23 de fevereiro de 2007

télépopmusik, love it!



(Télepopmusik, 'Breathe')





(Télépopmusik, 'Close')





(Télépopmusik, 'Nothings Burning')

terça-feira, 13 de fevereiro de 2007



(Múm, 'Green Grass if Tunnel')

Down from the ceiling
Drips great noise It drips on my head through a hole in the roof Behind these two hills here There's a pool And when i'm swimming in Through a tunnel I shut my eyes Inside the cabin I make sounds In through the tubes i send this noise Behind these two hills here Fall asleep And when i float in Green grass of tunnel It flows back Down from the ceiling Drips great noise It drips on my head through a hole in the roof Behind these two hills here There's a pool And when i'm swimming in Through a tunnel I shut my eyes.

domingo, 28 de janeiro de 2007

fim...


(Lamb, Gabriel)

(...)
i am strong even on my own
but from him I never want to part
(...)


Porque não foi o suficiente...
Sem culpados e/ou vítimas...
assim terminou!...
My angel Gabriel.

terça-feira, 9 de janeiro de 2007

radiohead - fake plastic trees

Foi há 12 anos, mas... É INTEMPORAL...


(Radiohead, Fake Plastic Trees)

Her green plastic watering can
For her fake Chinese rubber plant
In the fake plastic earth
That she bought from a rubber man
In a town full of rubber plans
To get rid of itself

It wears her out, it wears her out
It wears her out, it wears her out

She lives with a broken man
A cracked polystyrene man
Who just crumbles and burns
He used to do surgery
For girls in the eighties
But gravity always wins

It wears him out, it wears him out
It wears him out, it wears him out

She looks like the real thing
She tastes like the real thing
My fake plastic love
But I can't help the feeling
I could blow through the ceiling
If I just turn and run

It wears me out, it wears me out
It wears me out, it wears me out

If I could be who you wanted
If I could be who you wanted all the time

All the time...
All the time...