sábado, 10 de março de 2007

ausência

…Fui buscar-te ao baú das minhas recordações. Estavas pálido e com algum pó mas ainda assim reconheci o teu sorriso. No dia que decidi trancar-te, sabia da inevitabilidade deste momento, a saudade…
Culpas?! Culpados?! Somos todos um dia, fui eu… foste tu… fomos… mas é isso mesmo que nos torna hoje inocentes.
Ficou a tua doçura na minha memória, e do silêncio a minha decisão de abandono. Terminado está…, já não te lembras do meu sorriso, e eu vou esquecendo o sofá azul…
Prefiro pensar que tudo acontece por um motivo, com um propósito. O sentido sempre foi parco nas suas explicações e por isso mesmo deixo-me fluir cada dia livremente, deixando para o outrora o que poderia ter sido e não foi.
Encontrei-te no acaso. Continuas preso… agarrado à maldita e falsa sensação de liberdade que te tolda os sentidos e emoções. Nesse parco instante preferi que mil baldes de água gélida me inundassem o corpo…
Deixar-te partir é por vezes tão difícil e doloroso que sinto a alma em chamas! Mas não é essa a essência do que fica?! A essência de quem amou um dia… inexoravelmente…
Gostaria hoje ter dez anos e amar a perfeição dos momentos, dos gestos, das coisas, sem esperar receber nada em troca. Amar incondicionalmente… simplesmente porque se ama. Sim, porque não é preciso sentido para amar-se… apenas uma qualquer luz que se esquadria na nossa alma e nos aquece nas noites frias. És tudo isso, o calor nos dias frios, a frescura dos verões intensos, a alegria no choro… Mas hoje e agora és somente o meu silêncio distante, de quem já não tem medo de partir sem deixar rastro…
Não precisas de existir em mim, porque ÉS… o teu semblante permanece à medida a que os meus olhos se humedecem, ainda que sem frescura… e tudo se resume à tua ausência, silenciosamente sentida…
…Amanhã é outro dia…

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